Início meio e fim, tudo em ti foi naufrágio, poderia dizer num tom bem trágico relembrando Pablo Neruda. Mas naquela época, se bem me lembro bem estava mais para Florbela Espanca correndo pelas ruas como uma louca a cada chamado teu esperando que viesses me ver a tardinha. Enfim, como já escrevi uma vez, tempo demais, amor de menos.
E porque falar de você, quando nem ao menos falo de mim? Ah, porque naquela tarde de mágicos cansaços você me deu um beijo e me desejou feliz ano novo na beira da praia. E me lembro muito bem que deitado na rede você pediu meu telefone e apagou outro de outra garota qualquer e eu me senti especial.
Encontros e desencontros depois, o mesmo sorriso, a mesma pinta, a mesma fala macia e eu a mesma continuava amando cada vez que o abraço encaixava. E ainda sabendo que não era assim tão especial, fazia de você meu pierrot de carnaval. Início de rimas, amassos e desamassos e pela primeira vez, tudo em ti foi naufrágio.
Mais uma vez, mais um encontro, o mesmo sorriso, a mesma pinta e a mesma fala macia, como não continuar amando cada vez que o abraço encaixava. Vai e vem, e como a moçinha do cinema esperava você se tocar, "Oi eu gosto de você"! Sem pressa, sem medo, em vão, esperei, esperei até que vi a água entrando, e me dei conta que de novo, tudo em ti seria naufrágio.
E assim eu falo de você, também falando de mim, e é bom lhe olhar e ver que de verdade, longe de ser adepta a jogos e estratégias, há tempos eu não sou a moçinha do filme, e desde de muito não te amaria mais para sempre.