27 de ago. de 2009

Sweet Night




Ele pagou a conta e saíram, brilho no olho, sorriso no rosto e uma noite toda pela frente. Pararam num desses lugares onde namorados com carros vão, nada de especial além da lua minguante sorrindo iluminada e ainda assim toda aquela vontade de beijar enquanto houvesse mundo.
Ela afagou-lhe o cabelo como se fizesse aquilo desde de sempre enquanto ele a puxava pela cintura quebrando o ritmo dos dedos entre os fios. Beijos, sussurros, desejo e todos aqueles movimentos conhecidos de conquista. Calor, o vidro fumê embaçado e tudo seguindo como deveria ser.
No vidro formavam-se gotículas de vapor, e ar dentro do veículo tinha aquele jeito de sexta a noite, mas era terça-feira 22:45 e os gatos ainda não eram pardos. A lua minguante minguava todas as possibilidades, espera aí, calma, e mesmo assim eles continuaram naquele esforço bobo de brigar contra todos os sinais que diziam parem.
Ele havia pagado a conta, e ela desenhou toda uma noite de carinho, açúcar de confeiteiro e suspiros. Surreal talvez mas aqueles olhos castanhos a inspiravam e ela imaginava que seria doce. Surpresa. Beijos, sussurros, desejo e todos aqueles movimentos conhecidos de conquista. Brilho apagado, nada de amor dourado derretendo-se na boca.

26 de ago. de 2009

Make a wish




Eles se entreolharam e pensaram no que dizer. As palavras pairavam no ar, mas não conseguiam se juntar em frases e formar períodos. Mais do que uma simples questão de semântica, uma oração não dita mais forte que um credo ou até um pai nosso.
Eles continuavam se olhando, um silêncio, ausência de som incômoda que amplificava cada ruído numa magnitude de Cinemascope. E então, eis que num desvio dos olhos um enxerga a si no outro e todo aquele momento ganha um novo significado resplandecente como ouro ao sol. Brilho dourado, no meio da noite que fica clara como o dia para os dois.
Eles se olham e um sorriso doce surge no lábio rosado do sangue que pulsa num ritmo frenético pelo corpo. Explosão. O olhar se trasnforma em toque e de repente uma mão procura a outra como tendo medo de se perder, porto seguro, e os barcos então guardam as velas e ancoram.
Eles se beijam e o mundo então ausente de sentido, ganha uma nova direção. Seguindo a velha lei da física, os opostos se atraem, pólos positivo e negativo, yen e yang, numa cadência tão perfeita quanto de uma sinfonia de Mozart. Gosto molhado, desconcertado. A música continua e eles também.

15 de ago. de 2009

Londres, 29 de setembro de 2008.




É fácil sentar e esperar por mudanças. Esperar que o tempo mude, que o vento sopre e que o sol volte a bater lá fora. É mais fácil culpar o presidente pelo menino passando fome, pelo lixo na rua, ou Deus pelo câncer no pulmão.
Complicado mesmo é sair na rua, sujar o pé na poça d'água, remar o barco e andar até a lixeira para jogar o papel da bala.
Porque quando de pequenos culpamos nossos pais, adultos o governo, quando será que assumiremos alguma responsabilidade ?